«Vejo um Deus amar o homem até a loucura, e o homem ser tão ingrato a esse Deus!»
Novena de Natal
Meditação do 7º Dia
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Meditação para o 7.º dia da Novena de Natal
“Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam.”
- Sl 87, 5
Um dia, durante as festas do Natal, S. Francisco de Assis andava chorando e suspirando pelos caminhos e florestas, e parecia inconsolável. Perguntaram-lhe a causa de sua dor e ele respondeu: “Como quereis que eu não chore, vendo que o Amor não é amado? Vejo um Deus amar o homem até a loucura, e o homem ser tão ingrato a esse Deus!” Se a ingratidão dos homens afligia tanto o coração de S. Francisco, imaginemos quanto mais afligiu o Coração de Jesus Cristo!
Apenas concebido no seio de Maria, Ele viu a cruel ingratidão que devia receber dos homens. Viera do Céu para acender na Terra o fogo do amor divino; esse único motivo o levou a deixar-Se imergir num abismo de dores e opróbrios: “Vim trazer o fogo sobre a Terra, e que quero senão que se inflame?” (Lc 12, 49). E via um abismo de pecados que os homens iriam cometer depois de receberem tantas provas de Seu amor! Eis, diz S. Bernardino de Sena, o que Lhe causou uma dor infinita.
Nós mesmos sentimos pena insuportável vendo-nos tratados com ingratidão; é que, segundo a reflexão do bem-aventurado Simão de Cássia, “muitas vezes a ingratidão aflige mais a nossa alma do que qualquer outra dor ao corpo”.
Qual não foi pois a dor de Jesus Cristo, nosso Deus, ao ver que corresponderíamos a Seus benefícios e amor com ofensas e injúrias!
Ele Se queixou pela boca de Davi: “Deram-Me males em troca de bens, e ódio em troca do amor que Eu lhes tinha” (Sl 108, 5); mas também hoje em dia parece que Jesus Cristo Se lamenta: “Sou como um estranho no meio de Meus irmãos” (Sl 68, 9), por ver um grande número deles viver sem O amar e sem O conhecer, como se não os tivesse beneficiado, e como se nada houvera sofrido por amor deles. Ah! que caso fazem hoje muitos cristãos do amor de Jesus Cristo?
Nosso Senhor apareceu um dia ao bem-aventurado Henrique Suso sob a forma dum peregrino a mendigar de porta em porta um abrigo; mas todos o repeliam injuriando-O grosseiramente. Quantos se parecem com aqueles de que falava Jó: “Diziam a Deus: Retirai-Vos de nós...; e isso depois que enchera suas casas de toda a sorte de bens” (Jó 22, 17-18).
No passado também nós fomos ingratos; queremos ainda continuar a sê-lo? Oh! não: esse amável Menino, que do Céu veio sofrer e morrer por nós para obter o nosso amor, não merece tal ingratidão.
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Afetos e Súplicas
É pois verdade, meu Jesus, que descestes do céu para Vos fazer amar de mim; viestes abraçar uma vida de penas e a Morte da Cruz por meu amor, a fim de abrir-Vos a entrada do meu coração; e eu Vos repeli tantas vezes dizendo: “Retirai-Vos de mim, Senhor; não Vos quero!” — Ah! se não fosseis um Deus de bondade infinita, e se não tivésseis dado a Vossa Vida para perdoar-me, não ousaria pedir-Vos perdão. Mas ouço que Vós mesmo me ofereceis a paz: “Converteis-vos a Mim”, dizeis, “e Eu Me converterei a vós” (Zc 1, 3).
Pois bem, meu Jesus, Vós a quem ofendi, Vos fazeis meu intercessor. Não quero pois fazer-Vos ainda a injúria de desconfiar da Vossa misericórdia. Arrependo-me de toda a minha alma de Vos haver ofendido e desprezado, ó Bem supremo; recebei-me em Vossa Graça, conjuro-Vos pelo Sangue que derramastes por mim.
Não, meu Redentor e meu Pai, “não sou digno de ser chamado Vosso filho” (Lc 15, 18-21), depois de haver tantas vezes renunciado ao Vosso amor; mas Vós com os Vossos méritos me tornais digno dele.
Agradeço-Vos, meu Pai, agradeço-Vos e amo-Vos. Ah! já a lembrança da paciência com que me suportastes tantos anos e das graças que me prodigalizastes após tantos ultrajes da minha parte, deveria fazer-me arder sem cessar de amor por Vós. Vinde, pois, meu Jesus, não quero mais repelir-Vos; vinde habitar em meu pobre coração. Amo-Vos e quero amar-Vos sempre; inflamai-me cada vez mais recordando-me sempre o Amor que me tivestes.
† Minha Rainha e minha Mãe, ajudai-me, pedi a Jesus por mim: fazei que durante o resto da minha vida, eu seja grato para com esse Deus que tanto me tem amado mesmo depois de haver recebido de mim tantas ofensas.
"Antífonas do Ó"
Dia 22
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“Ó Rei das Nações, Desejado dos povos; / ó Pedra angular, que os opostos unis: / Ó, vinde e salvai esse homem tão frágil, / que um dia criastes do barro da terra!”
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Os salmistas cantam frequentemente a realeza do Senhor (Salmos 24; 47; 96; 97; 98; 99); os profetas anunciam que o Menino será o “Príncipe da Paz”, e estenderá Seu poder assegurando a Paz, porque Seu reinado se consolidará no direito e na justiça (Is 9,1-6). Ele é o Rei que assumiu nossa fragilidade humana, elevando-a, fazendo-nos, pelo Mistério de Sua Encarnação, Morte e Ressurreição, participantes de Sua natureza divina! Assim, o Rei é, ao mesmo tempo, o Bom Pastor!
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