Anna Maria Antonia Gesualda, nasceu em 29 de maio de 1769, em Siena mas, ainda muito nova, sua família mudou-se para Roma. Sem saber ler nem escrever, a jovem foi trabalhar no palácio da nobre família Maccarani, onde conheceu seu futuro marido, Domenico Taigi, com quem teve sete filhos, três dos quais morreram na primeira infância.
Deus concedeu à Beata Anna Maria Taigi, uma simples e humilde dona de casa e mãe exemplar de muitos filhos, visões e revelações extraordinárias em relação aos perigos que ameaçavam a Igreja, acontecimentos futuros e sobre os mistérios da Fé. Estas visões e revelações eram feitas por meio da presença de um ‘sol místico’, disco brilhante com as mesmas dimensões do sol distante, mas provido de raios irradiantes, que se projetava cerca de doze palmos do seu olho esquerdo e três palmos acima de sua cabeça, conservando sempre essa posição. O ‘sol místico’ lhe apareceu pela primeira vez a ela por volta de 1790 como um disco de fogo e a acompanhou durante toda a sua vida, tornando-se cada vez mais brilhante ao longo dos anos e sua natureza lhe foi revelada por Deus nos seguintes termos:
‘Este é um espelho que Eu te mostro, para que conheças o bem e o mal que é praticado’
Nas condições difíceis da família, um novo inquilino passou a ocupar um quartinho da casa simples: Mons. Raffaele Natali, que iria conviver com a beata por cerca de 30 anos e que escreveu mais de 4 mil páginas manuscritas com as transcrições às pressas das inúmeras visões obtidas pela beata através do ‘sol místico’.
Uma das provas documentais mais sérias sobre as visões da Beata Ana Maria Taigi é o testemunho juramentado e entregue ao Vaticano pelo seu confessor e confidente. O documento faz parte do processo de beatificação da vidente romana.
Mons. Natali introduz a narração dizendo:
“Quase todas as almas heróicas que resplandeceram em Roma na primeira metade do século XIX, desde o Venerável Pallotti, até o Beato Del Bufalo, desde o Venerável Clausi até a Venerável Canori-Mora, profetizaram que depois da tempestade que no seu tempo se formava sobre a Igreja, depois das perseguições, que afligiam então ao Papado, teria chegado o triunfo do Catolicismo, triunfo luminoso, solene e completo.
Mas, quando haveria de se verificar esse triunfo? A qual época histórica está reservado saudar esse grandioso acontecimento que tantos fiéis da humanidade toda há muito tempo aguardam? Eis o misterioso enigma, sobre o qual a Beata Taigi veio deitar, se não me engano, um raio de luz que conforta e tranqüiliza.”
Eis quanto Mons. refere textualmente a respeito dessa profecia:
“Desde os tempos de S.S. o Papa Pio VII, quer dizer no ano 1818, a Serva de Deus descreveu para mim a revolução de Roma e tudo o que aconteceu, e a seguir falou-me muitas vezes, aliás, de um modo muito mais espantoso, dizendo que tinha sido mitigada pelas orações de muitas almas caras a Deus, que se ofereceram a Ele em satisfação da Justiça Divina.
“Porém, ela disse-me que a iniqüidade haveria de avançar triunfante e muitos que se acreditava serem bons teriam tirado a máscara, e que o Senhor queria descobrir a cizânia e que depois Ele teria sabido o que fazer dela.
“Que as coisas estariam de tal maneira convulsionadas que o homem já não seria capaz de as pôr em ordem, mas que Seu braço onipotente haveria de remediar tudo.
“Ela me disse que o flagelo da Terra tinha sido mitigado, mas não o do Céu que era horrível espantoso e universal.
“Que o Senhor não o tinha dado a conhecer nem às almas por Ele mais amadas nesta Terra.
“Que teria chegado inesperadamente e que os ímpios teriam sido destruídos.
“Que antes desse flagelo todas as almas que na sua época tinham fama de santidade deveriam estar todas sepultadas.
“Que numerosos milhões de homens deveriam morrer por obra do ferro, uma parte nas guerras, outra parte em conflitos, e outros milhões de morte imprevista ‒ entenda-se que por todo o mundo.
“Que, em conseqüência, nações inteiras haveriam de voltar à unidade da Igreja Católica, muitos turcos, gentios e hebreus hão de se converter de um modo que surpreenderá aos cristãos que ficarão admirados pelo fervor e observância que mostrarão com sua vida.
“Numa palavra, ela disse-me que o Senhor queria purgar o mundo e Sua Igreja, e para isso Ele preparava uma nova safra de almas que, desconhecidas, apareceriam para realizar obras grandes e milagres surpreendentes.
“Ela me disse que depois de que o Senhor tivesse varrido a Terra com guerras, revoluções e outras calamidades, haveria de começar o Céu e então teria lugar o fim de dito flagelo com uma convulsão geral de fenômenos meteorológicos os mais espantosos e com grande mortalidade.
“A Serva de Deus me disse várias vezes que o Senhor lhe fez ver no misterioso Sol o triunfo universal da nova Igreja de tal maneira grande e surpreendente que ela não podia descrevê-lo.”
E conclui Mons. Natali:
“Diante deste vaticínio a primeira vista fica-se perturbado: nele há sem dúvida pontos obscuros que só poderão ser esclarecidos pelos eventos futuros.
“Mas, nele discernem-se predições que, feitas desde o ano 1818, acabaram se realizando na história, fato que induz a prestar fé ao vaticínio na sua totalidade. Aqui se fala de dois castigos e flagelos, um vindo por parte da Terra e um outro por parte do Céu; mas, acrescenta-se logo que as orações das almas boas podem mitigá-lo”.
(Fonte: Testemunho de Mons. Raffaele Natali no processo de beatificação (Proc. Ord. fol. 695-696), apud Mons. Carlo Salotti, “La Beata Anna Maria Taigi secondo la storia e la critica”, Libreria Editrice Religiosa, Roma, 1922, 423 ps., pp. 340-342.)
Triste estado do clero e do povo atrai um castigo corretivo
Em numerosas ocasiões, Deus desvendou a dor que Lhe produzia a decadência moral e disciplinar do clero. Por exemplo, em 6 de janeiro de 1817, na igreja da Propaganda Fide (capela dos Reis Magos), ela ouviu:
“Todos os sacerdotes deveriam andar de batina. Considera-se com muita superficialidade o que quer dizer sacerdote. Se eles levassem em consideração o que na realidade é um sacerdote e o que quer dizer sacerdote, viveriam como Anjos e não como animais. (...) “Olha, minha filha, como andavam outrora, e contempla-os, observa-os. Assim Eu andava com todos os meus Apóstolos e discípulos. Olha um pouco agora de que maneira se conduzem em meio ao século. “Sacerdotes, Prelados, Bispos e Cardeais (...) Os abusos são grandes, mas hão de acabar logo” (vol. II, pp. 510-511).
Esta decadência na classe sagrada aconteceu por contaminação da decadência geral dos costumes que infeccionava toda a sociedade e naturalmente entrava por osmose nos ambientes eclesiásticos.
Um exemplo típico que podemos citar entre muitos outros aconteceu em 31 de Agosto de 1816, segundo os registros do anotador. Na oportunidade, Deus queixou-se mais uma vez da leviandade do povo romano:
“Oh Roma, Roma, habitantes iníquos, que desconheceis o bem que Eu vos fiz. Vou tomando nota de vossa incorrespondência. Mas, quando Meu Pai der a ordem, tudo acabará!... “Sabei que agora as almas chovem como neve no inferno. Chorem e chorem todos amargamente, porque Roma não pode mais ser chamada de santa. “Os homens vivem como animais. E não procuram senão comodidades e prazeres, e satisfazer plenamente a sua iniquidade. (...) Eu cobrarei vingança sobre eles e deveria aniquilá-los por causa de seus pecados. “Contudo, Eu sou Pai amoroso e fico aguardando. Mas quando o tempo estiver esgotado, não haverá mais remédio. Com teus próprios olhos verás um dia aquelas almas que são premiadas nesta terra e que pela sua soberba [vão para o inferno]. “Quero fazer-te ver este lugar. Então, sim, minha filha, terás medo. Pedirás piedade e misericórdia para eles, mas não haverá piedade para muitos. Porque hão de penar para sempre. “Sim! Verás como serão atormentados pelos diabos na proporção de seus pecados. Mas, o que mais me atormenta e mais me causa pena, é Eu ser de tal maneira mal recompensado por Meus ministros. E aqueles que devem dar o bom exemplo cometem mais pecados que os leigos (...) “Os homens são muito cruéis, não sabem distinguir o bem do mal porque vivem segundo seu capricho; (...) Pobre Igreja Minha, e pobres tempos: em mãos de quem se encontram! “Tocam minhas sagradas carnes; mas antes se sujaram com sangue humano. Depois vêm comungar. Estão em comércio com mulheres e depois vêm celebrar a Missa. “Em festas, diversões, jogos e comilanças vão saciando bem seu corpo. E depois que estão bem satisfeitos vão para a Igreja me louvar. Olha bem, minha filha, que boa gente e qual é o prêmio que Eu posso lhes dar!” (Vol I, págs. 346-349).
Visões de eventos futuros
Os mais sisudos historiadores, críticos e analistas engajados no exigente processo de beatificação – que se debruçaram sobre os quatro milheiros de folhas de anotações de Mons. Natali e sobre os depoimentos de cardeais, príncipes, bispos, sacerdotes e populares – falam com frequência em “milhares” de casos nos quais os dons proféticos da beata Taigi se manifestaram.
Só tendo espaço para mencionar os citados acima, resumimos esse conjunto assombroso com o juízo daquele que foi durante 20 anos seu diretor espiritual, o Cardeal Carlo Maria Pedicini:
“Não há a menor dúvida de que a divindade residia nela de uma maneira especial. Com efeito, em virtude desse dom extraordinário e ainda desconhecido, a Serva de Deus participava do conhecimento certeiro que Deus tem de todas as coisas, na medida em que a alma de uma transmissora possa possuí-la. “Esse dom é próprio do Paraíso, um dom do qual só os bem-aventurados que lá se encontram usufruem, da maneira beatífica mais absoluta. É certo que Deus havia estabelecido sua sede no coração de sua serva. E Ele lhe confiava seus maiores segredos”.
Com esse dom, a beata Ana Maria profetizou durante décadas, causando pasmo as suas confirmações, jamais desmentidas pelos fatos, segundo consta na Positio, o documento que postula canonicamente a sua beatificação.
Mas ela falou não apenas de seu presente; de modo também abundante, falou do futuro, que já está sendo o nosso presente.
Deus lhe mostrava o desfecho a que deviam conduzir os costumes que se degradavam no clero e no povo e as conjurações anticatólicas que se agigantavam em antros ocultos.
Deus mostra o fim das iniquidades
Deus lhe revelava esses cenários do porvir não sem antes lhe fazer uma demonstração lógica e arrazoada das causas humanas e sobrenaturais que o preparavam. Para isso, analisava fatos que a Beata assistia em sua vida cotidiana, a partir dos quais apontava os desdobramentos vindouros.
Como resumir em estreitas linhas esses panoramas tremendos e grandiosos que podem nos atingir? O próprio Deus recorria a um termo muito anotado por Mons. Natali: a “definitiva”.
Com esta palavra, Ele se referia instantemente ao desfecho vindouro da luta entre o bem e o mal.
A “definitiva” encerraria a atual fase histórica da guerra do Céu e do inferno, das almas boas e ruins, do próprio Deus e de Seus Anjos contra as potências infernais e seus acólitos terrenos.
Na “definitiva”, Deus poria fim a tanto caos, embates e profanações. E reergueria a Igreja a um grau de glória na Terra como nunca antes se viu.
Mas a “definitiva” seria complexa e terrível. Nela se revelariam os pensamentos que jazem no fundo dos corações.
Esses desvendamentos surpreenderiam até os bons, pela maldade escondida inclusive em pessoas tidas como insuspeitas. Também os méritos dos bons, humilhados e postos de lado, resplandeceriam para surpresa do mundo que os menosprezava.
Entre 13 e 17 de novembro de 1816, Mons. Natali registrou:
“Ah, minha filha, se naquele momento funesto e tremendo pudessem vir à tua casa príncipes, Cardeais e outros grandes personagens! Fariam bem porfiando em fazê-lo. “Mas, não. Quem gozou e se cevou bem, chorará, e quem chorou gozará e rirá. (...) O castigo não veio, mas há de vir. Deus quer nos punir por causa de nossos pecados. “Essa será a última descoberta na qual vai se separar o trigo do joio. Dizei, pois, que tudo o que foi visto não foi nada, (...) a Terra vai tremer e o Céu vai ficar ensanguentado” (Vol. II, págs. 500-501).
Falando a respeito de S.S. Pio VII e das tribulações de seu Pontificado, Deus se estendeu sobre o tremendo evento futuro:
“Tudo o que aconteceu não é nada. Antes bem, não é mais do que um sopro. Ah o que vai ser a definitiva! (...) Ah, então sim, chorarão. “Pobre Igreja! Pobres igrejas! Oh como estão mal cuidadas! Oh como estão mal administradas! E por quem! Ai! Para dizer toda a verdade, eu quero destruí-las todas, convertê-las em ruínas, não deixar pedra sobre pedra. Que da antiga igreja não fique sequer um sinal. (...) “Dentro de todas elas há relíquias de meus santos. Mas, como são tratadas? (...) Destruirei!... Estou para destruir Roma. Mas não ainda, por causa de tantas almas minhas que ali estão. “Mas ai, mísera Roma! Como acabará! Em que mãos vai cair! Os bons virão comigo e os perversos acabarão seus dias amargamente e depois [sofrerão] eternamente, para sempre” (Vol. VII, págs. 265-266).
E num 5 de junho, Mons. Natali anotou mais uma severa advertência:
“Minha filha, não estás contente por sofrer para satisfazer minha Justiça? Pois bem, Eu sou muito ofendido pelos Meus ministros. Eles deveriam ser anjos e, em vez de anjos, são cloacas do inferno” (Vol. I, p. 201). E em 13 de setembro de 1831: “Naquela hora, dos cristãos fingidos não ficará nenhum, e então muitos pedirão piedade e misericórdia, mas já não haverá mais tempo (...). “Não se pode medir quanto tenham avançado as iniquidades, tanto do homem quanto da mulher. Os demônios, soezes, riem e festejam, porque não têm necessidade de tentações. “Não, porque de modo suficiente a malícia e a iniquidade, tanto do homem quanto da mulher, superam em muitos graus a do demônio, pelas obscenidades que se cometem, de todos os gêneros, pelos dois sexos” (Vol. IX, págs. 2-3).
Castigos especiais aos católicos fingidamente observantes
A vida da Beata Ana, era a de uma dona de casa vivendo num ambiente popular.
Deus tirava exemplos das pregações que ouvia e dos costumes de todas as classes sociais para lhe fazer entender o que viria.
Deus insistia para ela que a promoção de uma piedade mole e adocicada que progredia sem cessar naqueles dias preparava a perdição de inúmeras almas.
Em 10 de setembro de 1820:
“Este é o tempo em que os falsos filósofos se ostentam. Entre eles falam pérolas, mas não causam impressão alguma nos povos porque não querem acreditar na verdade. (...) são falsos filósofos, cheios de soberba e orgulho. Desses o mundo está cheio. “E para esses há um inferno especial. Se alguém professa a verdade, é ofuscado por estes [falsos filósofos] e o povo fica perplexo, porque a miserável humanidade prefere o doce antes que o amargo” (Vol. VI, pág. 85).
“Assim dirás a teu confidente que diga a esta gente que, chove almas no inferno como a neve. E (as almas) de quem? De batizados. “São cristãos de nome, são animais de fato, vivem como animais. Antes bem, pior que os animais. Como se (podem) salvar cheios de ódio, cheios de pecados? Depois se dirá que são cristãos, mas...” (Vol. IX, pág. 85).
No terceiro domingo de Páscoa de 1817, na igreja do Santíssimo Crucifixo de Campo Vaccino, São Pietro in Carcere, ouviu:
“Não te espante o fedor continuo que sentes sob as tuas narinas, porque é o mau odor da corrupção do mundo presente. (...) Tu o sabes porque Eu te disse muitas vezes e volto a repeti-lo: “chove almas no inferno como neve e ainda não acabou” (Vol. III, págs. 43-44).
Em 1828:
“O respeito humano leva ao inferno muitos confessores com todos os seus penitentes. Para não dar um remédio amargo ou o mais mínimo desgosto, morrem tantas almas e vão para a casa do diabo. “(...) de quem é a culpa? (...) Sabes de quem é? (...) Quando esses estarão diante de Meu Tribunal, o que será deles? (...) Por esta razão, chove almas no inferno como a neve. (...) Vedes quantas ruínas há no mundo? Esta é a causa” (Vol. VII, pág. 433-437). Em 6 de novembro de 1819: “Olha os tormentos espantosos dos eclesiásticos torturados pelos demônios. (...) Por que se consagraram a Deus quando não procuravam senão a ambição, o orgulho e a vaidade? “As portas [do inferno] estão abertas. Lúcifer se regozija e seus companheiros festejam... Deixa, deixa, que essas portas Eu as fecharei, a voragem ficará cheia e poucos ficarão” (Vol IV, págs. 555-557).
Depois de 14 de abril de 1830:
“A paz esteja convosco, Meus filhos, por toda parte deveis dizer que não só não há paz, mas que os diabos dançam dia e noite, e tecem grandes tramas, apanham em suas redes muitos peixes, cordeiros e ovelhas e as levam à perdição em grandes quantidades, eles se abeberaram com o fel e com o sangue humano. (...) “Eu te falei para não seguir os santos modernos, mas aferrar-te aos antigos, porque os santos modernos sendo todos ou quase todos falsos, te teriam estragado” (Vol. VIII, págs. 519-521).
Em 1832:
“São lobos rapaces, lobos que devoraram muitas ovelhas sugando-lhes o sangue uma por uma. Se soubessem o que está preparado para eles irremediavelmente! “É mais fácil que eu ouça o clamor de um herege do que de um desses lobos, tantas vezes lobos quanto são as ovelhas que esses lobos malditos devoraram” (Vol. IX, pág. 97-100).
Sinais do dia de Deus
Muitas almas santas elevavam já naqueles tempos orações a Deus pedindo a restauração da Igreja. Basta mencionar como exemplo São Luiz Maria Grignion de Montfort e sua “Oração Abrasada”. Porém, o Céu como que não atendeu às instantes impetrações dessas almas boas. Por quê?
Em 29 de julho de 1832, Nosso Senhor forneceu uma explicação à Beata:
“Há muito tempo que a Torre de Babel está instalada em Roma, e há muitos anos que deveria ter caído. E se não caiu, é porque muitas almas sacrificaram sua vida rogando a Meu Pai para que protelasse o momento de pôr fogo a este estado do mundo. “Eu, sem embargo, que via que era a ruína de muitas almas boas que sofrem por esta causa, apesar de tudo Eu devia fazer a vontade de Meu Pai. Posto que esta desordem do mundo todo é um caos, não há mente humana que possa imaginá-la” (Vol. IX, pág. 85).
Outras almas boas, considerando a degringolada da sociedade cristã, se perguntavam quando Deus interviria. E até especulavam sobre os sinais que precederiam essa solene intervenção. Mas, o dia de Deus não se conhece.
Na segunda-feira de Carnaval de 1833, por exemplo, Nosso Senhor lhe disse:
“Não se conhece qual é a hora em que Meu Pai quererá dar a ordem ao Anjo exterminador. “Ele aparecerá ameaçando de improviso (...) sabes? O Anjo exterminador que com uma mão toca a trombeta e com a espada (...) Ai! quando acontecer aquele momento, todo o mundo ficará envolvido na conflagração” (Vol. IX, pág. 207).
Os sinais precursores revelados à Beata pouco têm a ver com as suposições da prudência mundana. Em 9 de novembro de 1820, o sacerdote registrou:
“Quando vires um dia feliz, tranquilo e de grande contentamento, então armazena alimentos: pão, vinho, azeite. Dinheiro não faltará. (...) Roma iníqua, Roma cruel, verás o fim da iniquidade” (Vol. VI, pág. 96).
A confusão das ideias é um dos sinais que mais se encontram nos registros de Mons. Natali.
Em 8 de junho de 1829, ele anota:
“Agora reinam os maus costumes, a política, o respeito humano, a simulação. Há um escândalo geral por toda parte. Este é o maior e mais forte castigo que caiu sobre todo o mundo: a confusão das ideias. Muitas vezes te disse que antes do fim passaríamos pela Torre de Babel. Mas o fim virá quando Eu achar por bem” (Vol. VII, pág. 468). E em 1828: “Lembra, minha filha, que eu te falei que está instalada a Torre de Babel” (Vol. VII, págs. 375-376).
Em 31 de março de 1819, escreve Mons. Natali:
a Beata “me disse que um dia que não saberia apontar, durante os primeiros anos [das revelações], ela ouviu que o mundo ficaria reduzido a um tal estado que os poucos sacerdotes que restassem seriam constrangidos a viverem escondidos nos esgotos levando o Santíssimo Sacramento no peito” (Vol. IV, pág. 391).
O triunfo da Igreja e o Restaurador
A purificação operada por Deus através de Seus ministros angélicos e humanos, de instrumentos materiais e até por eventuais intervenções pessoais, terá um objetivo único: a restauração da Igreja Católica no grau de honra que lhe é devido e a recomposição da Civilização Cristã.
Numa anotação de 18 de fevereiro de 1833, lemos uma das tantas e insofismáveis referências a esse triunfo universal da Igreja:
“Quando tome corpo a Igreja renovada, os poucos que restarão serão poucos, pouquíssimos e estarão extremamente surpreendidos e cheios de temor vendo tudo o que se fará por Deus, como se amará a Deus e o que se sofrerá por Deus. (...) A ti não cabe vê-lo” (Vol. IX, pág. 118).
Em 1828, encontramos o registro de uma visão que acena com a vinda de uma alma destinada a desempenhar um papel histórico de restaurador. Quem ou como seria ela? O texto não deixa margem a muitas suposições concretas:
“Viste? Observas? Contemplas? Eis a alma apostólica, eis o homem que luta pela vinha, eis aquele que é igual aos que tanto lutavam pela minha glória. Seus esforços, seus suores, suas obras serão premiadas no Paraíso com tanta glória que mente humana alguma jamais conseguirá imaginar. “É tamanho o amor que Eu tenho por essa criatura, que ela só o conhecerá no Paraíso. Esse é um homem verdadeiramente zeloso. Esse não tem mancha alguma. “Esse não tem finalidades humanas, não procura interesses e, desde a mais tenra juventude, jamais passou por ele o vício do cortesão” (Vol. VII, pág. 380).
Essa alma teria então um papel relevante nessa purificação da ordem humana.
Conselhos finais para o grande dia da “definitiva”,
o grande dia de Deus
A “definitiva” não era para o tempo da Beata que, portanto, sabia que não veria o triunfo de Deus contra todos os inimigos da Igreja.
Porém, obviamente, seus confidentes e amigos defendiam este ou aquele procedimento para melhor se prepararem.
Entretanto, foi Nossa Senhora quem ensinou à Beata a atitude certa para dispor seu espírito para a “definitiva”. Em 13 de setembro de 1831, assim lhe disse:
“agora não é tempo de milagres, porque a hora de a Igreja retornar ao seu primeiro estado ainda não chegou. Filhos Meus, eis aqui vossa Mãe. Eu vos abençôo, abençoa-vos Meu Pai, mas sede bons, sede bons, sede bons. “Sofrei com boa disposição por Meu amor, até que venha o Espírito Santo para vos abrasar de amor e dar a definitiva a este mundo iníquo. Tereis chegado ao fim. “Fica-vos pouco por padecer. Todos os reinos, cidades, povos, castelos, províncias, se encontrarão em penas, em problemas, em tribulações, em tormentos até a definitiva” (Vol. IX, págs. 152-155).
“Certa vez ela perguntou a Deus quem resistiria a essa terrível prova. E lhe foi respondido: ‘aqueles a quem concederei o espírito de humildade’”.
Por isso Ana Maria estabeleceu em sua família o costume de após o terço da noite, rezar três Padre-Nossos, Aves e Gloria ao Pai, a fim de obter da misericórdia e bondade infinita da Santíssima Trindade a mitigação do flagelo que Sua justiça reserva para esses tempos calamitosos.
“Esse flagelo lhe foi manifestado numerosas vezes no misterioso sol. Aprouve a Deus revelar-lhe também que após numerosas e dolorosas provações, a Igreja obteria um triunfo tão portentoso que os homens ficariam estupefatos; que nações inteiras voltariam à unidade na Igreja romana e que a Terra mudaria de aspecto” (Bouffier, op.cit.,págs. 251-252).
A Beata faleceu em Roma no dia 26 de novembro de 1837.
Sua causa de canonização foi introduzida em 8 de janeiro de 1863, sob o pontificado do Papa IX, pelo qual ela oferecera inúmeros padecimentos e orações.
Em 4 março de 1906, o Papa São Pio X aprovou o decreto de virtudes heroicas declarando-a Venerável.
Ana Maria Taigi foi beatificada no dia 30 de maio de 1920 por S.S. Bento XV. Segundo informou a agência: "o decreto de beatificação a aponta como: 'pródigo único nos fastos da Santidade'".
A Santa Sé fixou sua festa para o 10 de junho. Seu corpo está exposto em urna de cristal num altar da igreja de São Crisógono in Trastevere. Um muito discreto museu na igreja recolhe objetos e pertences ligados à vida da Beata.
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