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17 de Maio - O Doce Nome de Maria




 

O nome de Maria vem do Céu. O sublime nome de Maria não foi encontrado na Terra, nem inventado pelo entendimento ou arbítrio dos homens, como se dá com os outros nomes. Veio de Deus e foi-Lhe imposto por ordem divina, como o atestam São Jerônimo, São Epifânio, Santo Antonino e outros. Diz Ricardo de São Lourenço:


A Santíssima Trindade Vos conferiu este nome, ó Maria, que é superior a todo o nome, depois do Nome do Vosso Filho; Ela enriqueceu-o de tanto poder e majestade, que ao proferi-lo quer que se dobrem os joelhos dos que estão no Céu, na Terra e no Inferno.

Vários privilégios outorgou o Senhor ao nome de Maria. Consideremos apenas um entre todos os demais: Quanto Deus o fez suave na vida e na morte aos servos dessa Santíssima Senhora.


O Vosso nome, ó Mãe de Deus, está cheio de graças e de bênçãos divinas, como nos diz São Metódio. E segundo São Boaventura, ninguém o pode proferir devotamente sem dele tirar algum fruto. Declara Raimundo Jordão, Abade de Celes: Por mais endurecido e frouxo que esteja um coração, se chega a invocar-Vos, ó benigníssima Virgem, milagrosamente desaparece a sua dureza.


Tão grande é a graça do Vosso nome! Sois Vós quem infunde a esperança do perdão e da graça. Vosso nome, no dizer de Santo Ambrósio, é um bálsamo oloroso a exalar o perfume da divina graça. Pede o Santo:


Desça ao íntimo de minha alma esse perfumoso bálsamo!

E quer dizer:


Ó Senhora, fazei com que recordemos frequentemente de Vos invocar com amor e confiança; pois invocar-Vos assim, ou é sinal de possuir a graça de Deus, ou de recuperá-la brevemente.

Sim, a lembrança de Vosso nome, ó Maria, consola os aflitos, reconduz os transviados para as sendas da salvação e livra os pecadores do desespero, reflete Ludolfo de Saxônia. Na observação de Pelbarto:


Como Jesus Cristo com Suas Chagas deu ao mundo o remédio de seus males, também Maria com Seu santíssimo nome, que é composto de cinco letras, alcança todos os dias o perdão para os pecadores.

Razão é essa de o santo nome de Maria ser comparado ao óleo, nos Sagrados Cânticos (1, 2). Assim o explica Alano de Lille: O óleo cura os enfermos, exala perfume e alimenta a chama. Também o nome de Maria cura os pecadores, perfuma o coração e inflama no amor divino. Ricardo de São Lourenço exorta os pecadores a recorrerem a esse nome sublime, porque ele só basta para curá-los de todos os seus males e livrá-los prontamente da mais insidiosa enfermidade.


Pelo contrário, os demônios, diz Tomás de Kempis, tanto receiam a Rainha do Céu que, como do fogo, fogem de quem invoca o Seu grande nome. A própria Virgem revelou o seguinte a S. Brígida:


Por endurecido que seja um pecador, imediatamente o abandona o demônio, se invoca Meu santo nome com o propósito de emendar-se.

Isso mesmo lho confirmou em outra revelação, dizendo:


Todos os demônios têm um grande pavor e respeito diante de Meu nome. Assim que o ouvem invocar, largam de pronto a alma presa em suas garras.

E se os anjos maus se afastam dos pecadores que chamam pelo nome de Maria, os Anjos bons tanto mais se chegam às almas justas que o pronunciam com devoção.


É a respiração um sinal de vida. Também o invocar com frequência o nome de Maria é sinal da posse ou da breve aquisição da graça divina, na opinião de São Germano; pois esse poderoso nome tem a virtude de alcançar auxílio e vida a quem o invoca devotamente. Ricardo de São Lourenço acrescenta:


É ele como torre fortíssima que livra o pecador da morte eterna; até os maiores pecadores acham nessa celeste fortaleza salvação e defesa.

Essa fortíssima torre não só livra de castigos os pecadores, mas defende os justos também contra os ardores do Inferno. É o que afirma Ricardo de São Lourenço quando diz: Depois do Nome de Jesus nenhum outro há no qual resida socorro e salvação para os homens, como no excelso nome de Maria. Especialíssima, como todos o sabem, é a Sua força para vencer as tentações contra a castidade. Isso experimentam os devotos da Virgem, todos os dias. Semelhante pensamento deduz Ricardo das palavras de São Lucas:


E o nome da Virgem era Maria. (Lc 1,27)

Fá-lo para nos dar a entender que o nome da puríssima Virgem é inseparável da castidade. Vem daí a frase de São Pedro Crisólogo: O nome de Maria é indício de castidade, querendo dizer: quem duvida se pecou nas tentações impuras, tem um sinal certo de não ter ofendido a castidade, quando se lembra de haver invocado a Maria.


O nome de Maria é doce sobretudo na hora da morte. Dulcíssimo é, pois, na vida, aos devotos de Maria, Seu nome santíssimo, porque lhes alcança, como já vimos, graças extraordinárias. Muito mais doce, porém, ser-lhes-á na última hora, proporcionando-lhes uma suave e santa morte.


Sertório Caputo, padre jesuíta, exorta a todos aqueles que assistem qualquer moribundo, que lhe digam frequentemente o nome de Maria. Diz que este nome de vida e de esperança, proferido na hora da morte, basta para afugentar os inimigos e confortar os moribundos em todas as suas angústias.


Esta breve oração, Jesus e Maria, diz Tomás de Kempis, é fácil de conservar na memória, doce para meditar e forte para defender os que lhe são fiéis contra os inimigos da salvação. Exclama São Boaventura: Bem-aventurado aquele que ama Teu doce nome, ó Mãe de Deus! É ele tão glorioso e admirável, que quem se lembra de o invocar em artigo de morte, não teme os assaltos dos inimigos.


Oh! que felicidade morrer como Frei Fulgêncio d’Ascoli, padre capuchinho, o qual expirou cantando:


Ó Maria, ó Maria, a mais bela das criaturas, quero ir em Vossa companhia!

Ou também como morreu o Beato Henrique, cisterciense, do qual se conta, nos Anais da Ordem, que finalizou a vida articulando o nome de Maria.


Roguemos, pois, meu amado e devoto leitor, roguemos a Deus, que nos conceda a graça de ser o nome de Maria a última palavra que a nossa língua pronuncie. Roguemos a Deus que no-la conceda, como lha pedia um São Germano, dizendo:


Ó doce e segura morte, a que é acompanhada e protegida com este nome de salvação, o qual Deus só concede proferir àqueles a quem quer salvar!

 


EXEMPLO

São Camilo de Lélis deixou recomendado aos seus religiosos que lembrassem aos moribundos invocar muitas vezes o nome de Jesus e de Maria. Ele mesmo o praticava sempre com os outros. E ainda mais docemente o praticou consigo mesmo na hora da morte. Lê-se na sua biografia que então pronunciava com tanta ternura os amados nomes de Jesus e Maria, que inflamava de amor os que o ouviam. Com os olhos fitos nas santas imagens de Jesus e Maria, e com os braços em cruz sobre o peito, expirou finalmente com suavidade e paz celestial. Foram-lhe as últimas palavras os dulcíssimos nomes de Jesus e Maria.


 


ORAÇÃO

Grande Mãe de Deus e minha Mãe, ó Maria, é verdade que eu não sou digno de proferir o Vosso nome; mas Vós, que me tendes amor e desejais minha salvação, concedei-me, apesar de minha indignidade, a graça de invocar sempre em meu socorro Vosso amantíssimo e poderosíssimo nome. Pois é ele o auxílio de quem vive e salvação de quem morre. Ah! puríssima e dulcíssima Virgem Maria, fazei que seja Vosso nome de hoje em diante o alento de minha vida. Senhora, não tardeis a socorrer-me quando Vos invocar . Pois, em todas as tentações que me assaltarem, em todas as necessidades que me ocorrerem, não quero deixar de chamar-Vos em meu socorro, repetindo sempre: Maria, Maria! Assim espero fazer durante a vida, assim espero fazer particularmente na hora da morte, para ir depois louvar eternamente no Céu Vosso querido nome, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Amém.



- Santo Afonso Maria de Ligório


 


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